quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Cuesta del Obispo / San Ant.de los Cobres


Está viagem começou com um amigo que disse que iria para um lugar que poucos vão, pois precisava de isolamento, aventura, adrenalina para acabar com o "stress".
Nunca havia ouvido falar de tais lugares, e então fiz uma pesquisa na internet, e achei interessante.
Cuesta del Obispo, Salar del Hombre Muerto, San Antonio de los Cobres, Antofagasta de la Sierra, o acesso nestes locais somente por estradas de terra (rípio como gostam os "Hermanos"), então comecei a fazer a programação.
Depois de um tempo de pesquisa e programação, enviei o roteiro ao meu amigo. E olha a resposta que veio: -"Nossa já fez até o roteiro da minha viagem, eu nem te convidei pra ir, só disse que iria para estes locais".
De pronto, sem nem pensar muito disse a ele que os locais eram inóspitos, com poucos recursos e que ele não tinha muita idéia do que iria enfrentar. De imediato também respondi que nem sabia se conseguiria ir, mas que até perto da data de saída eu responderia, e que mesmo sem o convite, se tivesse disponibilidade iria, pois adoro AVENTURA.
O tempo passou, a programação da viagem pronta, alguns procedimentos adotados, e que foram seguidos por todos (troca de pneus para uso misto, galão reserva para combustível, estimativa de $$$), como sempre costumo fazer em viagens a locais que ainda não conheço, fiz toda a rota inclusive prevendo as paradas para abastecimento e passei a todos para inserirem em seus GPS (só que os viajantes primários não sabem fazer isso, kkkkkkkk).
Enfim chegou o dia.

03/09 - sábado - destino Francisco Beltrão (780 km)

Para quem tinha a idéia de viajar somente com o primo, a expedição já contava com 6 motos (Ronaldo, Reinaldo, Ricardo, Cassio, Roberto e Julio). A distância era grande então marcamos a saída para às 6:00 hs. A padaria estava fechada e nossa próxima parada para abastecimento seria em aproximadamente 1 h, então seguimos e fomos tomar café já quase em Capão Bonito.

A viagem seguiu tranquila, até perto de Ponta Grossa, quando começou a chover, aliás não era chuva e sim um dilúvio !!!!

Aí, o primeiro problema .....

Devido a chuva e a pouca visibilidade, o Roberto e o Julio seguiram o caminho errado, pois não conseguiram ver que havíamos entrado para o sentido de Guarapuava, e eles foram no sentido de São Mateus do Sul.



Paramos para almoçar em Prudentópolis, foi quando tivemos notícias dos desgarrados, e aproveitei para deixar uma mensagem de quais cidades iríamos passar, para que eles pudessem nos encontrar mais adiante.



Após saborearmos um grande sanduíche de carne com queijo e Coca-Cola, voltamos para a estrada.

A chuva já havia parado, mas foi por pouco tempo, pois mais adiante voltou a nos atormentar.


Seguimos pois Francisco Beltrão nos esperava com um churrasco preparado pelo amigo do Ronaldo (Luis) que junto com outros IIrmãos, tão bem nos recebeu.



Alías, o Roberto e o Julio já haviam se incorporado novamente ao grupo.



E qual não foi a surpresa, maior ainda, quando o Julio encontrou o Jorge.



Amigo de mais de 20 anos, que não se viam já há algum tempo, e que estava na casa do Luis, pois eram grandes IIrmãos.


A chuva já havia parado novamente, mas ficamos pouco tempo na agradável companhia dos IIrmãos, pois afinal no dia seguinte teríamos grande distância a percorrer.






04/09 - domingo - destino Corrientes (740 km)

Para variar, o dia amanheceu molhado e frio (15º), mas a pernada era grande.

Tínhamos que fazer a Aduana (Dionísio Cerqueira-BR / Bernardo de Irigoyen-AR).

Por ser cedo, não tinha ninguém. Fomos rapidamente atendidos.

Fizemos um câmbio ali mesmo na rua, e seguimos pois ainda havia muito chão até Corrientes.

Lembro para quem vai a Argentina, em quase nenhum local se aceita Cartão de Crédito (Tarjetas), tudo tem que ser em Espécie (Effetivo-Peso Argentino), inclusive quando aceitam "Tarjetas" existe um acréscimo de 20 %.

Rodamos bem, apesar da chuva e chegamos em Corrientes por volta das 19:30 hs, um pouco cansados, mas com o hotel que nos foi indicado conseguimos recompor as energias para o próximo dia.


05/09 - segunda feira - destino Salta (840 km)

Para variar, o dia começou molhado, frio (7º) e vento. Atravessar a ponte do rio Paraná foi complicado, além do vento, o asfalto estava todo ranhurado. A moto balançava que nem "João Bobo". (A foto foi no dia em que voltamos).


Hoje era o dia de enfrentar as LOOOOONNNNGGAAASSSSS retas do "Chaco". Pelo menos a chuva já havia parado, mas em compensação, veio o calor !!!!!

Paramos de contar os Km, e começamos a nos basear em quantas vezes ainda tínhamos que abastecer ...........

Enfim, no final da tarde chegamos a Salta.

Roberto e Julio resolveram não seguir depois de Corrientes, problemas estomacais, e ficaram mais um dia, seguindo depois para Florianópolis.

Cidade (Salta) muito agradável bem turística.

Fomos dormir depois de um bom banho e jantar. Afinal estávamos ansiosos para o começo da AVENTURA.


06/09 - terça feira - destino Cuesta del Obispo e San Antonio de Los Cobres (260 km, de terra)

Depois de muito rodar, hoje é o começo ........

No início do caminho, ainda no vale, passamos por rios (secos, pois são formados por águas do degelo).

A estrada é de terra, mas com boas condições de tráfego, estreita em muitos locais que permitem somente a passagem de 1 veículo, mas no local tem pouquíssimo transito.

Na região existem muitos cactos (Cardones), por este motivo existe o Parque Nacional de Los Cardones.

Começamos assim o início da subida, deixando o vale para trás.


No meio da subida paramos para uma Coca-Cola, em El Maray, único ponto onde se acha algo para beber e comer, entre Salta e Payoagasta.


Ainda estamos na metade do caminho, mas já é possível avistar a Cuesta del Obispo.


A paisagem é incrível, o gelo ainda nas encostas, o sol iluminando as montanhas, realmente faz bem a alma, ver uma paisagem destas.


É revigorante e gratificante.






VITÓRIA !!!!!!!!!!!!!!!


O primeiro destino alcançado........



 

Após uma breve pausa para as fotos e um descanso (com a altitude a falta de oxigênio já começou a ser sentida) pois qualquer esforço se transforma em cansaço.



Seguimos em direção a Payoagasta, para verificar se havia condições de tráfego para San Antonio de Los Cobres.

Payoagasta é um vilarejo (mas para a região é uma cidade) muito pitoresco, porém sem nenhuma estrutura, como quase tudo neste local do planeta.



Já passava das 14 hs, e estávamos com sede e fome.

Paramos no Bar para pegar informações sobre a estrada para San Antonio de Los Cobres, foi quando avistei a placa "Quejo de Cabra".

Recebemos a informação de que estrada estava com condições de tráfego, e aproveitamos para comer um pedaço de "quejo de cabra" com uma bolacha (horrível) e tomarmos Coca-Cola (pelo menos isso nós sabemos que é igual em qualquer lugar do planeta).
Com as devidas informações de que o tráfego estava normal, mesmo com o horário já avançado (14:30 hs), resolvemos seguir, pois o dia termina somente por volta das 19:30 hs, e pelo GPS, tínhamos somente mais 130 km para rodar.

No início, enquanto estávamos no vale, a estrada era maravilhosa.


Chegamos a rodar uma boa parte com velocidade de 100 Km/h.


Mas, como dizem, alegria de pobre dura pouco.

Foi só começar a subida da montanha que tudo mudou ...........


Era só curva em cotovelo, pedras, e a altitude subindo .....


A cada curva mais alguns metros, e com isso, cada vez menos ar !!!!!

E também o gelo começando a ficar mais concentrado e junto o vento, que trazia a sensação térmica para muito mais baixo do que marcava o termômetro.



Até que em um pedaço de gelo uma moto escorregou e .........


CHÃO


Ah, sem problema, nada com o piloto nem a moto, vamos levantar e seguir viagem.


KKKKKKKKKKKKKKKKK

Realmente não é complicado levantar a moto, quando estamos aqui embaixo.

Naquele ambiente com pouco ar, em 4, nós quase não conseguimos levantar, e depois de concluída a tarefa, foram mais alguns minutos para se recompor do cansaço.

Mas depois de já rodando quase que 3 horas, atingimos o ponto mais elevado de nossa viagem (4.995 mts), nossa que falta de ar, e como estava frio com aquele vento, o termômetro da moto marcava 2º, mas a sensação com certeza era de muitos graus negativos.



Valeu cada minuto do passeio, mais uma vez a paisagem era indescritível, algo que com certeza ficará para sempre marcado em cada um de nós.

Não podíamos desperdiçar tempo, pois tínhamos levado cerca de 3 hs para subir, e agora precisávamos descer para não ter que terminar a viagem no escuro.

Conseguimos então chegar ao final da estrada, ainda com a luz do dia.

A primeira reação dos "veínhos" quando avistaram o asfalto, foi deitar para esquentar do frio e recuperar as forças.

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Agora só faltavam 20 km para chegar no destino final do dia: San Antonio de Los Cobres.



07/09 - quarta feira - destino Tafí del Valle (470 km)

Outro objetivo que estava em nosso planejamento inicial, seria conhecer o Salar del Hombre Muerto, região também na Cordilheira, mas para isso seria necessário rodar uns 300 km de terra, e que pelos vídeos que achei na internet, eram piores do que os locais por onde já havíamos passado, e chegando em Antofagasta de La Sierra, teria mais 300 km de terra para voltar ao asfalto, sem contar os efeitos da altitude.

Resultado que após os problemas já enfrentados no dia anterior, por consenso do grupo, decidiu-se mudar os trajetos, abortando esse passeio.

Assim, fui ao computador e procurei alternativas para nosso retorno, sem que precisássemos enfrentar novamente as LOOOOOONNNNNGGGAAAASSSS e chatas retas entre Salta e Corrientes.

Fizemos o roteiro passando por Salta, Cafayate, Tafí del Valle, Termas do Rio Hondo, Santiago del Estero, e ai como não tem mais outro caminho, retornamos ao roteiro original em Corrientes.

Saímos de San Antonio de Los Cobres, às 08:00 hs da manhã e uma temperatura de -1º marcada no painel das motos, mas sem vento até que é agradável.

Seguimos no sentido de Salta, mas para não perder o costume, tivemos que enfrentar uns 40 km de terra, pois a estrada está em manutenção.

Novamente, paisagens e visual incríveis.





Pelo caminho achamos em vários locais a beira da estrada, casas feitas de pedra, quase enterradas, que segundo os locais é para não perder caloria e assim esfriar menos.








A estrada quando voltou ao pavimento asfaltado, apresentou-se muito prazerosa, com várias curvas por entre as montanhas, uma delícia para pilotar.


Passamos por Salta, seguimos em direção de Cafayate, mas infelizmente não paramos, foi uma pena, existem pelo menos umas 3 vinícolas que merecem ser visitadas. Quando passar por lá no final do ano, com certeza, vou dedicar umas horas a esta cidade.

Seguimos pelo vale, muito bonito e com mais curvas prazerosas, sem falar da paisagem, até chegarmos já no final da tarde em Tafí del Valle.


Depois de encontrar hotel, fomos jantar.


Um delicioso cordeiro !!!!!



No dia seguinte seguimos a viagem.






08/09 - quinta feira - destino Corrientes (780 km)

Acordamos cedo e devido a grande distância que iriamos percorrer, pegamos a estrada logo.

O caminho continua por um vale, e com paisagens muito diferentes, muito bonito.

Perdemos uns 3 locais de fotografia, pois estávamos com pressa. Vale a pena fazer o trajeto com um pouco mais de tempo (certamente também vou incluir na minha próxima viagem do final do ano).

Passamos por Termas do Rio Hondo, e ai resolvemos fazer um "Pit-Stop" lá no autódromo, valeu a pena.






Seguimos a viagem, que deste ponto em diante, se resumiu em cumprir percursos de deslocamentos, pois afinal tínhamos que retornar.

Chegamos em Corrientes já de noite, 20:45 hs.

09/09 - sexta feira - destino Pato Branco (760 km)

Como no dia, da ida, em que passamos pela cidade estava chovendo, aproveitamos o tempo bom para umas fotos da cidade.




Ah...............

Quase que esqueço, vale a pena dormir no hotel, pois quando se chega em Corrientes, sempre já foi muito desgastante, e uma ótima cama com um maravilhoso chuveiro, sempre fazem bem ao corpo.

Detalhe que o preço é muuuiiiiitttooo acessível.


Tínhamos ainda muitos kms a percorrer, desta forma nosso "tour" na cidade se resumiu a uma volta beirando o Rio Paraná.


Seguimos para a estrada e um fato curioso, já depois das retas de Posadas, em uma estrada de pista simples, se para todo o trânsito, para a passagem de uma romaria.



Terminamos o dia em Pato Branco, já no Brasil, por volta das 20:30 hs.




10/09 - sábado - destino Sorocaba (750 km)

Para variar, tomamos café no primeiro horário do hotel e fomos para a estrada, o tempo bom ajudou muito, e fizemos o roteiro que havíamos feito no caminho de ida, passando por Guarapuava, Prudentópolis, Ponta Grossa, Jaguariaíva, Itararé, Itapeva, Capão Bonito e Itapetininga.

Local onde fizemos o último abastecimento de combustível da viagem e já aproveitamos para as despedidas e a última foto para registrar nossa AVENTURA !!!!!!

E assim novas amizades se fortaleceram e todos guardarão para sempre os momentos bons e de dificuldades pelos quais passamos, mas com a certeza de que o espírito e a alma estão revigorados e com lembranças inesquecíveis !!!!!!!!!!!!

Soma-se assim mais 5.404 km de Viagens e Aventuras.

E a próxima já está no forno ....................